MATIAS LARANJEIRA CARTAXO nasceu no Recife (PE), em 7 de dezembro de 2009, e Deus lhe reservou uma forma diferente de começar a vida. Com uma paralisia cerebral, lisencefalia e agenesia de corpo caloso diagnósticadas - fato que acarreta atraso motor e não lhe dá prognóstico clínico de suas possibilidades de andar, falar e de como se desenvolverá sua inteligência - Matias tem tido uma vida bastante agitada e abençoada. Sua rotina semanal inclui sessões de fisioterapia, terapia ocupacional, natação e fonoaudiologia, além de muitos exercícios e estímulos em casa. Mas o pequeno Matias vem surpreendendo a todos com sua personalidade tranquila e alegre, bem como o seu jeito curioso e meigo de ser! Acompanhe um pouco mais da sua linda trajetória de vida e as reflexões de mamãe e papai nesse blog especial !

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Células-tronco e a paralisia de Matias

Há tempos estava para escrever algo sobre esse tema. Ao acabar de ler o badalado livro A QUEDA, do jornalista Diogo Mainardi, resolvi trazer nossa opinião sobre células-tronco à tona. Isso porque o próprio Mainardi - que em seu livro aborda a relação dele, como pai, e seu filho Tito, que como Matias tem paralisia cerebral – cita documento publicado na revista The Scientist, chamando as curas com células-tronco de “charlatanismo médico”.

Bom, sei que o assunto é polêmico. Tudo que não é unanimidade e lida com vidas e esperanças é sempre passível de opiniões das mais diversas. Não venho aqui trazer o que é certo ou errado em debate. Apenas revelar a dificuldade que nós, pais de crianças portadoras com necessidades especiais, temos em discernir o que buscar e o que não buscar, em termos de tratamentos, para trazer mais “independência” ao dia a dia dos nossos filhos.

A busca de Mainardi por “soluções” miraculosas para o desenvolvimento de Tito não é diferente da nossa, pais de Matias, nem tampouco de dezenas de pais que temos acompanhado via blog. Às vezes nos chamam de “ansiosos demais”, quando tentamos “investigar” um novo tratamento, aparelho ou exercício. Normal. Entendo quando nos chamam assim. E sei que quem chama entende também.

Em meio a essa busca, há vários meses o tema células-tronco entrou em pauta nas conversas minha e de Paulinha. Olhando informações, na Internet, das poucas clínicas que fazem a inserção de células-tronco, a impressão que se dá é que o “remédio” para fazer Matias andar é exatamente esse. Depoimentos de “sucesso”, em vídeo, atestam a “eficácia” do programa.
Caramba! Então por que não tentar isso? Nos perguntamos. R$ 60 a 80 mil para fazer a aplicação de células-tronco? Damos um jeito de conseguir a grana. China ou Alemanha? Pow, minha irmã mora em Berlin, isso facilitaria...

Site de uma das empresas que fazem tratamento com células-tronco
Começou então nossa luta por informações sobre a viabilidade ou não do tratamento com células-tronco, para saber se valeria a “briga” para tentar levantar recursos. E a realidade que nos foi posta foi exatamente a mencionada por Diogo Mainardi, em seu livro A QUEDA. Profissionais que acompanham Matias, no Recife e em Fortaleza, foram enfáticos em ressaltar que ainda não há comprovação CIENTÍFICA que revele o dito “sucesso” do tratamento. As “melhoras” das crianças, que se submeteram às células-tronco, podem ter sido alcançadas com a bateria intensiva de exercícios fisioterapêuticos, realizados após a inserção de células-tronco, escutamos de alguns.

Na página 141, do livro, Mainardi escreve: No início dos anos 2000, na China, na Rússia, na Costa Rica, na República Dominicana, na Turquia e em Chipre surgiram consultórios médicos anunciando a cura da paralisia cerebral com células-tronco provenientes da pele, da medula espinhal, do sangue, da gordura, do tecido animal, da placenta e de fetos abordados. Em 2010, dez anos depois do nascimento de Tito, um documento publicado em The Scientist alertou contra os riscos do “turismo das células-tronco”. De acordo com os autores do documento, os portadores de paralisia cerebral que peregrinavam a esses consultórios médicos em busca de um remédio milagroso expunham-se a tratamentos “desprovidos de provas científicas, de regras e potencialmente perigosos”.

Pensamos... cura milagrosa para paralisia cerebral é, no mínimo, passível de um prêmio Nobel de medicina. Mais ainda, como não houve uma enxurrada de clínicas sendo abertas em todo Planeta, sobretudo nos Estados Unidos? O que é comprovadamente eficaz, cientificamente, deixa de ser polêmico, né verdade? Achar que há “aproveitadores” do desespero de pais, em busca de tratamentos que melhorem a vida de seus filhos especiais, é impossível? Não se você acompanha na imprensa, diariamente, os absurdos que se estão cometendo contra a raça humana, vindo dela própria, em todo mundo.
Tito e Diogo Mainardi
Charlatanismo ou não, seguimos fazendo a “ralação” do dia a dia com o pitoquinho e curtindo os “milagres” aos poquinhos, sem contar ainda com a possibilidade das células-tronco. Tomamos essa decisão, pois confiamos na equipe de profissionais que cuidam de Matias e tem dado o “sangue” e atenção por ele. Se as pesquisas sobre células-tronco avançarem e nos derem segurança que “esse é o caminho”, voltaremos a pensar sobre o assunto. E assim vamos lidando e investigando sobre cada nova possibilidade. Ansiosos? De certa forma sim... Mas acima de tudo responsáveis com a missão que nos foi dada por Deus, de tornar a vida de Matias cada dia mais feliz e independente. (Marcelo)


2 comentários:

  1. Tenho amigos cuja filha com paralisia cerebral vai completar 16 anos. Há cerca de 5 anos eles passaram por essa fase de pensar em fazer o tratamento com células tronco. Pesquisaram bastante. Oraram a respeito. Uniram mente e fé. Chegaram à conclusão de que, pelo menos agora, não vale a pena. Estavam com toda a viagem marcada para os EUA, para iniciarem um tratamento experimental. Cancelaram tudo. Não se arrependem. A filha continua com limitações, mas é uma menina saudável e feliz. Em sua cadeira de rodas, participa de desfiles de moda. Sim, é modelo! Está no 2o. grau e é aluna excelente. Tem vários amigos, é uma menina cheia de vida. Eles continuam acompanhando as pesquisas médicas. Se chegar o dia em que for comprovado que funciona, eles tentarão. Até lá, continuam fazendo o máximo possível, mas sem colocar a filha em risco.

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  2. esse assunto tb vem me tomado o sono... um medo de talvez não estar tentando tudo o que fosse possível pelo meu filhote... enfim, cheguei até a perguntar para a Paula se tinham tentado e assim como vcs resolvi aguardar mais um pouco.
    sigo sempre o matias por aqui e fico feliz com os avanços dele. tenho esperança enorme do miguel evoluir bem assim ^^
    fiquem com deus!

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